Oh Pastor Que Choras

A Melancolia do Pastor: Uma Reflexão sobre a Obediência e a Conformidade

A música 'Oh Pastor Que Choras' de Fausto Bordalo Dias é uma reflexão poética e melancólica sobre a condição humana, utilizando a figura do pastor e seu rebanho como metáfora central. O pastor, que chora pela perda ou dispersão de seu rebanho, simboliza uma figura de liderança ou guia que se vê desamparado e desiludido. A pergunta 'o teu rebanho onde está?' sugere uma busca por algo que foi perdido, seja a confiança, a fé ou a direção.

A letra continua com uma observação crítica sobre a natureza dos 'carneiros', que representam as pessoas comuns. A frase 'carneiros é o que mais há' indica a abundância de indivíduos que seguem ordens sem questionar, com 'carne de obedecer'. Essa obediência cega é retratada de forma negativa, destacando a falta de individualidade e a conformidade. A distinção entre 'uns de finos modos' e 'outros vis por desprazer' sugere que, independentemente das aparências ou comportamentos, todos acabam sendo carneiros, submissos e conformados.

A segunda parte da música traz uma imagem visual forte com as cerejas vermelhas na orelha do pastor, que são um símbolo de algo natural e belo, mas que o pastor é instado a pintar de outra cor. Isso pode ser interpretado como uma crítica à necessidade de mudar ou esconder a verdadeira natureza das coisas para se conformar às expectativas sociais. A sugestão de pintar os frutos e as flores de luto reforça a ideia de uma perda de autenticidade e a imposição de uma tristeza ou conformidade forçada.

A música, portanto, é uma crítica à obediência cega e à perda de autenticidade, utilizando metáforas visuais e poéticas para transmitir uma mensagem profunda sobre a condição humana e a sociedade.