Nois É Isso Aí

Afirmação e resistência em "Nois É Isso Aí" de Febem

Em "Nois É Isso Aí", Febem constrói uma mensagem de afirmação identitária e resistência diante das adversidades. O refrão repetido, “Nóis é isso aí, e não vai mudar”, deixa claro o orgulho de origem e a recusa em se adaptar às expectativas impostas pela sociedade. A letra destaca a ancestralidade e a luta coletiva ao citar figuras como Dandara e Maria Bonita, símbolos de resistência negra e nordestina, e ao mencionar o “povo da Jurema”, referência à cultura afro-indígena. Essas citações reforçam o pertencimento e a continuidade de uma trajetória marcada pela superação diária do medo e das dificuldades.

A música também retrata a realidade da periferia, evidenciando o racismo institucional e a violência policial. Trechos como “Vão por sua cor em xeque / Menos a PM (encosta aí nãoeguinho) / Até de bm não ande fora da linha / Pra que o fim da linha não seja o IML” mostram o cotidiano de quem precisa se provar constantemente para sobreviver. Febem ainda faz referência ao sonho de ascensão social, usando a mansão do Tio Phil, de "Um Maluco no Pedaço", como símbolo de uma vida melhor sem perder a essência. O tom irônico aparece nas críticas aos “atiradores de elite imaginários” e “cãezinhos dos teclado”, apontando para a hipocrisia e os ataques virtuais. No final, a música valoriza a autenticidade e a resiliência, resumida na frase: “Faça dinheiro, mas não esqueça de fazer história / Se eles têm poder, nóis ainda tem alma”.