Rosas

Memória e resistência nas ruas em "Rosas" de Febem

Em "Rosas", Febem utiliza o pedido por "um buquê todo vermelho de rosas" como símbolo de como deseja ser lembrado: não apenas pelas dificuldades, mas também pela intensidade e beleza de sua trajetória. O vermelho das rosas representa paixão, luta e, ao mesmo tempo, faz referência ao sangue derramado nas periferias, conectando o símbolo à realidade dura que o artista retrata na música.

A letra traz uma reflexão sobre origens, família e o peso das escolhas. Ao dizer “Vim de uma mulher que veio de outra mulher / Sim, já magoei mulher e virei pai de uma mulher, enfim”, Febem expõe sua relação com o feminino, reconhecendo erros e aprendizados, o que demonstra maturidade e autocrítica. A frase “Como Fênix na cor de Hendrix, renasci aqui” une a ideia de renascimento à imagem de Jimi Hendrix, cuja cor roxa simboliza intensidade e transformação, sugerindo que Febem se reinventa diante das adversidades, inspirado por figuras que desafiaram padrões. O contexto da Vila Maria, bairro onde cresceu e onde o clipe foi gravado, reforça a autenticidade do relato e a ligação com suas raízes periféricas.

A crítica social é direta, como em “Brasil, cena triste que faz muita mãe chorar / E a herança disso aqui ninguém escolhe carregar”, evidenciando o impacto da violência e das desigualdades. Febem denuncia a opressão policial e a precariedade em “Sabesp cortando a água / E no bolso 0 centavos / PM dizendo eu vou te matar e pôr uma arma feia do lado”. Ao afirmar “Não deixo o rap morrer / Não deixo o rap me matar”, ele mostra que sua arte é resistência e proteção diante das adversidades. O tom realista e honesto faz de "Rosas" um retrato autêntico da luta por dignidade e memória nas periferias.