Boa Noite Solidão

Solidão e saudade no fado “Boa Noite Solidão” de Fernando Maurício

Em “Boa Noite Solidão”, Fernando Maurício transforma a solidão em uma figura quase palpável, que “entra pela janela” e cobre tudo com seu “manto de negrura”. A letra mostra que a solidão não é apenas um sentimento passageiro, mas uma presença constante para quem perdeu um grande amor. Inspirada em experiências pessoais do artista, a música trata a solidão como uma interlocutora, alguém com quem se conversa e até se busca consolo, como no trecho: “dar-me à tua mão / Como a chama duma vela / Dá a mão, à noite escura”.

A canção também aborda o orgulho como obstáculo para o amor, evidenciado em “Afogando o nosso amor / No orgulho que nos cega”. Aqui, a solidão se torna mais do que ausência: ela é a lembrança viva do que foi perdido, espalhando “saudades pelo chão” e trazendo à tona memórias que o narrador preferia esquecer. No final, ao dizer “Boa-noite solidão / Agora quero dormir / Porque vou sonhar com ela”, o protagonista revela que, mesmo no sono, não consegue se libertar da presença da amada. Assim, o fado expressa de forma direta a saudade, a dor do orgulho e o desejo de reviver o amor, mostrando a solidão como ponte entre sofrimento e esperança.