Sérénade

A Serenata Melancólica de Léo Ferré

A música 'Sérénade' de Léo Ferré é uma obra poética que explora temas de amor, dor e saudade. A letra começa com uma metáfora poderosa, comparando a voz do cantor à de um morto que canta do fundo de sua sepultura. Essa imagem evoca uma sensação de desespero e melancolia, sugerindo que o amor do cantor é tão profundo e doloroso que parece vir de além-túmulo. A referência à 'voix aigre et fausse' (voz áspera e falsa) pode indicar uma autocrítica ou uma percepção de inadequação, como se o cantor sentisse que sua expressão de amor não é suficiente ou adequada.

A mandolina, um instrumento tradicionalmente associado a serenatas e canções de amor, é mencionada como o meio pelo qual o cantor tenta alcançar sua amada. A música é descrita como 'cruelle et câline' (cruel e carinhosa), uma dualidade que reflete a complexidade dos sentimentos do cantor. Ele canta sobre os olhos da amada, comparando-os a ouro e ônix, e faz referências mitológicas ao Léthé e ao Estige, rios do esquecimento e da morte na mitologia grega. Essas referências sugerem que o amor do cantor é ao mesmo tempo uma fonte de vida e de esquecimento, uma mistura de prazer e dor.

A letra também aborda a sensualidade e a memória, com o cantor lembrando do perfume da carne da amada durante suas noites de insônia. A canção culmina com uma menção ao beijo da amada e à sua capacidade de martirizar o cantor, chamando-a de 'Ange' (anjo) e 'Gouge' (prostituta). Essa dualidade finaliza a música com uma nota de ambiguidade, mostrando que o amor do cantor é ao mesmo tempo divino e terreno, puro e corrupto. A repetição do refrão reforça a ideia de que esses sentimentos são persistentes e inescapáveis, como a voz de um morto que continua a cantar do fundo de sua sepultura.