Será Que É Amor/ Agora Viu Que Me Perdeu e Chora/ Trilha do Amor (pot-pourri)

Em “Será Que É Amor/ Agora Viu Que Me Perdeu e Chora/ Trilha do Amor (pot-pourri)”, homenagem e jornada do pagode

Em “Será Que É Amor/ Agora Viu Que Me Perdeu e Chora/ Trilha do Amor (pot-pourri)”, Ferrugem costura três fases do mesmo romance e presta tributo geracional. Ele revive sucessos popularizados por Reinaldo — com o próprio “Príncipe do Pagode” na versão ao vivo de “Agora Viu Que Me Perdeu e Chora” — e abre com o chamado “Salve nosso mestre Arlindo Cruz”, situando a faixa na linhagem do pagode. No primeiro bloco, “Será Que É Amor”, aparecem descoberta e desejo: timidez e euforia se cruzam em “Acho que é paixão” e no apelo “Não deixa o nosso desejo virar poeira”. As imagens carinhosas (“meu anjo, minha flor”; “a luz do teu olhar”) e o refrão entregue (“você pode usar e abusar de amar”) dialogam com o duplo sentido leve do pagode romântico, enquanto os convites ao público (“meu povo”; “todo mundo”) transformam a confissão em coro de roda.

O segundo bloco vira a chave para o desgaste e o término em “Agora Viu Que Me Perdeu e Chora”. A metáfora de cuidado — “a vida é um jardim / e toda flor precisa de emoção” — explica a ruptura, e a catarse de “chora, chora, chora” funciona como bronca bem-humorada, reforçada pelo tom irônico de “chora vagabundo”, marca do repertório de Reinaldo. Por fim, “Trilha do Amor” recoloca o afeto nos trilhos: a viagem Bahia–Rio vira peregrinação romântica e espiritual (“Senhor do Bonfim”; “fita”; “axé”), enquanto endereços concretos (“Irajá”; “Redentor”) ancoram o reencontro. As interjeições ao vivo (“vocês”; “Yuri Marçal”; “bora Pitoco”; “Quem gostou faz barulho”) mantêm a energia. O pot-pourri vira mapa emocional do pagode — desejo, desgaste e reconexão — entrelaçado a um tributo explícito à tradição.