Eu Não Aprendi a Perdoar

Feridas e impossibilidade do perdão em “Eu Não Aprendi a Perdoar”

Em “Eu Não Aprendi a Perdoar”, CATTO expõe de forma direta a dificuldade de superar mágoas profundas, especialmente aquelas causadas por relações intensas e desilusões amorosas. O refrão, que insiste na recusa ao perdão, não é apenas um desabafo pessoal, mas também um reflexo das experiências vividas pelo artista durante a criação do álbum “Caminhos Selvagens”. Esse álbum foi fortemente influenciado pela transição de gênero de CATTO e por separações marcantes, o que se traduz na letra carregada de dor, desconfiança e abandono. Um exemplo claro está no verso “O amor em nossa vida é uma terra esquecida por Deus”, que transmite um sentimento de isolamento e descrença, reforçando o tom melancólico da música.

A canção também aborda o desejo de escapar da dor, seja pelo esquecimento ou por prazeres momentâneos, como sugerem os versos “Hoje eu só quero morrer / E esquecer” e “velocidade a mil nas veias / a pupila dilatar mais que a Lua cheia”. Essas imagens podem ser interpretadas tanto como referências ao uso de substâncias para anestesiar o sofrimento quanto como metáforas para a busca de sensações intensas que preencham o vazio emocional. A repetição de cenas cotidianas, como “Vendo os fogos na TV / Vendo o dia coroar / Vendo a alma se partir / Vendo o mundo desabar”, mostra como a rotina se torna insuportável diante de feridas não cicatrizadas. No fim, a música revela que o desejo de amar e ser amado esbarra na impossibilidade de perdoar, deixando claro que, para CATTO, o perdão ainda está fora de alcance diante das marcas do passado.