Nós Por Nós (part. Shadow e Mãoli)

Coletividade e identidade em “Nós Por Nós (part. Shadow e Mãoli)”

“Nós Por Nós (part. Shadow e Mãoli)”, de Filipe Ret, destaca a autossuficiência e o espírito coletivo do rap carioca, valorizando a união entre artistas independentes e a força dos bairros do Rio de Janeiro. Logo no início, a presença de instrumentos como cajón, gaita e violão aproxima o rap de elementos tradicionais da cultura brasileira, reforçando a ideia de mistura e colaboração. Isso fica claro em versos como “É nós, amálgama / Nada é em vão, fazer um som com os irmão / É só uma questão de alma”, mostrando que a música nasce do encontro genuíno entre pessoas e suas vivências.

A expressão “nós por nós” é o centro da mensagem, simbolizando apoio mútuo e independência da comunidade artística. Em versos como “A cena está no ar, chegou, veio pra ficar / E quanto menos eles nos ouvirem / Muito mais e melhor nós vamos cantar!”, fica evidente que o reconhecimento externo não é prioridade; o foco está na autenticidade e na força interna do grupo. As referências a bairros como São Cristóvão, Copacabana e Lapa conectam a música à identidade carioca, enquanto a menção à TuduBom Records, gravadora independente dos artistas, reforça a ideia de sucesso coletivo, sem depender de grandes estruturas.

A letra também rejeita a competição tradicional do rap, propondo uma “geração da harmonia sincera / Sem afeição à velha competição / À regra, somo exceção”. O tom confiante e informal, presente em frases como “Somos poucos, raros, fodas, loucos, falhos / Somos do caralho”, transmite orgulho e pertencimento, convidando outros a se juntarem ao movimento. O refrão “É nós por nós!” celebra a energia coletiva e a resistência cultural, mostrando que, juntos, os artistas criam um espaço de valorização mútua e expressão autêntica.