O Nada Não Me Abala

Perspectiva e resiliência em “O Nada Não Me Abala”

Em “O Nada Não Me Abala”, Filipe Ret transforma a violência em metáfora de ignorância e afirma o pensamento como escudo e arma. O título sugere tanto o vazio existencial quanto ataques vazios de quem não tem conteúdo; em ambos, ele permanece firme porque “ideias são à prova de bala”. A faixa sustenta essa tese alternando técnica e reflexão: de “santo baixa, o flow encaixa” à imagem da “máfia da caneta numa margem distante” (a caneta como arma e a posição singular do artista na cena), até o manifesto contra a barbárie: “o tiro representa o auge da ignorância”. Ret emenda ética e autoconsciência — “Sou o meu ser e não o que eu visto”, “não existe crescimento sem dor” — e propõe disciplina de perspectiva: “manere o ponto de visão, mude sua concepção”.

A narrativa evolui para um código de conduta: viver como aprendizado, acima do conforto imediato (“Viver é mais importante do que ser feliz!”, “O erro é mais construtivo que o acerto”). “Marginalize, liberte-se do medo” carrega duplo sentido: assumir a margem para romper padrões sem aceitar o rótulo de “marginal”. Quando afirma “Sou invisível aos olhos de quem não sabe voar”, demarca um corte de visão: só enxerga quem também se eleva. “A lucidez é um fenômeno particular” legitima essa autonomia, coerente com a obra de Ret centrada em autoconhecimento e resiliência. O refrão amarra o princípio prático: “Selecione o que olhar, escolha o que ignorar” — filtrar o que importa, blindar-se da ignorância e apostar na criatividade, porque ideias não caem com bala.