Obstinado (part. Djonga e Delacruz)

Superação e resistência em "Obstinado (part. Djonga e Delacruz)"

"Obstinado (part. Djonga e Delacruz)", de Filipe Ret, destaca-se por transformar experiências pessoais dos artistas em declarações de resistência e superação, indo além do discurso tradicional sobre sucesso. Um exemplo marcante é quando Djonga faz referência a Daenerys Targaryen, personagem de "Game of Thrones" conhecida por enfrentar opressores: "Tô queimando mais racista que Daenerys puta". Essa metáfora aproxima o universo da fantasia da realidade social brasileira, reforçando o enfrentamento ao racismo e o empoderamento negro. O tom de luta se intensifica com a menção a Malcolm X: "Trago Malcolm nas linhas, isso é uma guerra".

Filipe Ret inicia a música criticando a diferença entre aparência e realidade, especialmente nas redes sociais: "Minha vida não é o que eu posto". Ele reforça a ideia de obstinação ao afirmar que "ninguém define o que eu posso", mostrando que sua trajetória é resultado de esforço e criatividade, não de atalhos. Delacruz, por sua vez, valoriza saúde, amizade e paz interior acima do dinheiro: "Sou rico de saúde e de amigo". Essa repetição serve como um lembrete de que a verdadeira riqueza está nas relações e no bem-estar, não apenas no dinheiro.

A crítica social é constante, principalmente nos versos de Djonga, que expõe o racismo estrutural e a desigualdade: "Dos polícia eles conhece o distintivo, nós conhece a bota" e "Falam de igualdade na corrida entre o leopardo e a mula manca". Ele questiona a hipocrisia social e desafia o ouvinte a refletir sobre privilégios e lutas reais, enquanto reafirma o poder do rap: "Disse que eu era Deus, mas eu sou mais um homem / Que veio falar que sagrado é o microfone". Assim, a música se consolida como um manifesto de perseverança, orgulho e consciência social, unindo vivências individuais a uma mensagem coletiva de resistência.