I'm Just a Girl

Empoderamento e crítica social em “I'm Just a Girl” do FLO

A música “I'm Just a Girl”, do grupo britânico FLO, utiliza a repetição da frase-título como uma ironia marcante. Ao ecoar o estereótipo de fragilidade e limitação frequentemente imposto às mulheres, especialmente às negras e jovens, o grupo expõe a frustração de ser subestimada e invisibilizada. O verso “Tryna be what I don't see on the TV” (Tentando ser o que não vejo na TV) destaca a ausência de representatividade de mulheres negras no centro do palco, refletindo o relato das integrantes sobre a pressão para se encaixar em padrões que não correspondem à sua identidade.

A canção também critica a hipocrisia da indústria musical, como mostram versos como “Give me that spotlight then tell me I'm not right / Act like I can't shine without it” (Me dê aquele holofote e depois diga que estou errada / Aja como se eu não pudesse brilhar sem ele) e “You want me good, good, say, 'Shut up and look good'” (Você me quer bem, bem, diz: 'Cale a boca e fique bonita'). Essas linhas evidenciam o controle e a desvalorização enfrentados pelo grupo, reforçando o relato de Stella Quaresma sobre tentativas de manipulação por parte de pessoas que subestimam o potencial delas por serem jovens. O questionamento “How many Black girls do you see on centre stage now?” (Quantas garotas negras você vê no centro do palco agora?) é um chamado direto à reflexão sobre a falta de espaço e reconhecimento para mulheres negras. Ao encerrar o álbum com essa faixa, o FLO transforma indignação em afirmação, mostrando que, apesar das tentativas de silenciamento, sua voz e presença são inegáveis.