Fire Fire

Vergonha, rótulos e libertação em “Fire Fire”, da Flyleaf

Em “Fire Fire”, o “fogo” não é inspiração, é dano. O que parece brilho de conquista é destruição alimentada por palavras falsas. A abertura sinaliza desorientação e desgaste: “Almost thought we made it home / It’s been a long eleven years” (Quase pensei que tínhamos chegado em casa / Foram longos onze anos). Em seguida, a banda conecta essa confusão a traumas e expectativas externas: “You’re ashamed of where you’re from / Crying ’cause your father’s drunk” (Você tem vergonha de onde veio / Chorando porque seu pai está bêbado), que mais adiante vira “’cause your father’s gone” (porque seu pai se foi). Quando cantam “We can’t die because we’re young / At least that’s what we heard in a song” (Não podemos morrer porque somos jovens / Pelo menos foi isso que ouvimos em uma música), criticam verdades prontas aceitas sem questionar. Tudo se encaixa no tom de New Horizons (2012): identidade, vergonha e a urgência de não deixar que outros definam quem você é.

O refrão explicita a tese: “Fire, fire, fire! / Fire from the tongues of liars” (Fogo, fogo, fogo! / Fogo das línguas de mentirosos). A repetição sublinha que o fogo nasce de palavras que queimam reputações e a autoimagem. Por isso, “What you confuse for glory’s fire / Is fire from the tongues of liars” (O que você confunde com o fogo da glória / É fogo das línguas de mentirosos) alerta para validações falsas — aprovação, hype e boatos que seduzem e corroem. O pedido “Oh send your rain” (Oh, envie sua chuva) busca limpeza e alívio, uma claridade que apague as mentiras. No fim, “You’ll find that you’ve nothing to lose / You’ll find that you’ve nothing to prove” (Você vai perceber que não tem nada a perder / Vai perceber que não tem nada a provar) fecha o arco: ao expor narrativas destrutivas, surge a liberdade de ser quem se é, sem precisar provar nada a ninguém.