Ratoeira

Imagens do cotidiano e amor em "Ratoeira" do Folclore Açoriano

A música "Ratoeira", do Folclore Açoriano, utiliza elementos do cotidiano rural para abordar temas universais como o amor, a saudade e o sentimento de pertencimento. O objeto simples da ratoeira se transforma em uma metáfora para as armadilhas e dificuldades da vida amorosa. No verso “Ratoeira não me prende / Que eu não tenho quem me solte”, a sensação de aprisionamento é evidente, mostrando como, em certas situações, a pessoa se sente presa sem esperança de libertação, especialmente em relações complicadas.

A letra também destaca a forte ligação com a natureza e a vida simples, mencionando plantas como cana, lírio, malva, manjericão e manjerona. Essas referências reforçam a identidade açoriana e o vínculo com o ambiente rural. O cotidiano da comunidade aparece nas festas, danças e relações sociais, como na referência à roda e à dança de casais. Expressões como “meu cravo encarnado” e “meu boquê de flôr” mostram o uso de metáforas florais para expressar carinho. O trecho “Passei pela manjerona / Lancei a mão na semente / Eu passei pelos seus olhos / Fiquei preso para sempre” compara o ato de semear ao de se apaixonar, sugerindo que o amor pode ser tanto destino quanto armadilha. Já o verso “Vou fazer a minha casa / Lá no alto da vigia / Só pra ver o meu amor / Quando vem da freguesia” revela o desejo de proximidade e vigilância, típico das pequenas comunidades. Assim, "Ratoeira" preserva e transmite de forma direta os valores e sentimentos do povo açoriano.