A Culpa Não É Minha

Referências musicais e humor em “A Culpa Não É Minha”

"A Culpa Não É Minha", do grupo Força Suprema, utiliza o humor e a criatividade para abordar a tendência de transferir a responsabilidade por sentimentos e atitudes românticas para artistas e músicas populares. A letra constrói uma espécie de "corrente de desculpas", em que recaídas, impulsos e emoções são atribuídos à influência de grandes nomes da música angolana e lusófona, como Edmazia, Landrick, Dream Boyz, Anna Joyce, Nelson Freitas, Richie Campbell, Loony Johnson, Ary, Anselmo Ralph, C4 Pedro, Pérola, Yola Araújo e Matias Damásio. Ao citar esses artistas, o grupo transforma referências culturais em justificativas para suas ações, como nos versos: “Foi a vibe dos Dream Boyz / E a voice da Anna Joyce / Se não fores tu, não combina / É difícil te amar”.

O tom leve e bem-humorado aparece quando o grupo "culpa" terceiros pelas próprias atitudes, como em: “A culpa é do Anselmo, do Djoje / É do C4 e do Landrick / Dá Pérola, dá Anna Joyce / Oh, das Yolas e da Ary”. A música brinca com a ideia de que canções românticas e seus intérpretes têm tanto impacto que acabam guiando decisões e sentimentos, especialmente em momentos de desejo ou saudade. Expressões como “Misturei Vodka, Martini, Whisky é demais / E tu com a Alma Nua, vi a Edmazia” reforçam o clima descontraído, sugerindo que até o ambiente e as músicas influenciam as escolhas do narrador. Ao misturar referências a hits internacionais, como “Meteram-me a ouvir o Billie Jean / Fez lembrar de ti” e “Gime at Marvin Gate, let's get in on yeah / Gime at Sexal Healing” (Me colocaram para ouvir Marvin Gaye, vamos nessa / Me colocaram para ouvir Sexual Healing), a faixa celebra a influência da música no cotidiano e mostra como ela se torna parte das histórias pessoais, servindo de desculpa leve para decisões nos relacionamentos.