Vurria

Saudade e exílio em “Vurria” na voz de Francisco Petrônio

Ao interpretar “Vurria” em seu álbum dedicado à nostalgia italiana, Francisco Petrônio destaca sua ligação com as raízes italianas e mergulha no sentimento de saudade e exílio. O título, “Vurria”, significa “eu queria” em napolitano e já expressa o desejo intenso de retorno. A letra reforça esse anseio ao descrever a solidão e o sofrimento de quem está longe de casa: “Dint'a na casarella fredda e scura / Addó' na vota 'n ce traseva 'o sole / Mo stóngo io sulo e tengo na paura” (“Dentro de uma casinha fria e escura / Onde antes entrava o sol / Agora estou sozinho e tenho medo”). Aqui, a casa fria e escura representa tanto o espaço físico quanto o estado emocional de quem sente falta da luz e do calor de sua terra natal.

A música constrói uma narrativa de saudade profunda, em que o desejo de voltar a Nápoles e reencontrar um amor perdido se mistura à dor física e emocional. Isso fica claro na metáfora da “freva” (febre) que não passa e impede o personagem de viver plenamente: “'Sta freva / Ca nun mme lassa maie! / 'Sta freva / Nun mme fa cchiù campá” (“Esta febre / Que nunca me deixa! / Esta febre / Não me deixa mais viver”). A febre pode ser entendida tanto como uma doença literal quanto como símbolo do sofrimento causado pela distância e pela impossibilidade de retorno. O refrão, ao repetir o desejo de voltar “pe' n'ora sola, Napule mia” (“por uma hora só, minha Nápoles”), reforça o tom nostálgico e melancólico típico das canções napolitanas. Na voz emotiva de Petrônio, a música se transforma em um lamento universal sobre a saudade da terra e das pessoas amadas, tocando especialmente quem, como ele, carrega a memória de suas origens.