Les Moulins de Mon Coeur

Ciclos de memória e perda em “Les Moulins de Mon Coeur”

Em “Les Moulins de Mon Coeur”, Françoise Hardy explora como as lembranças e emoções de um amor perdido continuam girando na mente, usando imagens de movimentos circulares e repetitivos. Metáforas como “une pierre que l’on jette dans l’eau vive d’un ruisseau” (uma pedra lançada na água corrente de um riacho) e “un manège de lune avec ses chevaux d’étoiles” (um carrossel de lua com cavalos de estrelas) reforçam a ideia de que sentimentos e memórias se propagam e se multiplicam, assim como círculos na água ou o movimento dos astros. O contexto da canção, composta originalmente para um filme sobre jogos mentais e relações complexas, aprofunda esse sentimento de confusão e repetição emocional. O verso “tourner tous les moulins de mon coeur” (girar todos os moinhos do meu coração) mostra como o pensamento sobre a pessoa amada é constante e incontrolável.

A versão francesa, adaptada por Eddy Marnay, mantém a essência poética e nostálgica da original, mas aprofunda a reflexão sobre a natureza cíclica do amor e da perda. O trecho “Ce jour-là près de la source / Dieu sait ce que tu m’as dit / Mais l’été finit sa course / L’oiseau tomba de son nid” marca a passagem do verão para o outono, simbolizando o fim de um relacionamento e a perda da inocência. Já “nos pas s’effacent déjà” (nossos passos já se apagam) destaca como os momentos felizes são passageiros. Imagens como “un tambourin qui pleure sous les gouttes de la pluie” (um tamborim que chora sob as gotas da chuva) conectam a tristeza da ausência ao ciclo natural das estações e à inevitabilidade do esquecimento. Assim, a música transforma a experiência pessoal da perda em uma reflexão universal sobre o tempo, a memória e a persistência dos sentimentos.