Pyramids

Reflexão sobre poder feminino e desejo em "Pyramids"

Em "Pyramids", Frank Ocean constrói um paralelo marcante entre a figura histórica de Cleópatra e uma mulher contemporânea que trabalha em um clube de strip-tease. A música explora como a imagem e o valor da mulher mudaram ao longo do tempo, mostrando a transição de uma rainha poderosa para alguém cuja sensualidade é explorada comercialmente. A pirâmide, símbolo do Egito Antigo, é usada como metáfora para o clube noturno, conectando o passado glorioso ao presente marcado pela objetificação.

A letra traz referências diretas à Cleópatra, como em “The crown of our pharaoh (Cleopatra) / The throne of our queen is empty” (A coroa do nosso faraó (Cleópatra) / O trono da nossa rainha está vazio), destacando a perda de poder e status. Já versos como “She's workin' at the pyramid tonight” (Ela está trabalhando na pirâmide esta noite) e “But your love ain't free no more, baby” (Mas seu amor não é mais de graça, querida) evidenciam a realidade atual, em que o corpo feminino é tratado como mercadoria. A estrutura da música, que começa grandiosa e termina de forma mais sombria e sensual, acompanha a trajetória da personagem e reforça o contraste entre adoração e exploração. Assim, "Pyramids" propõe uma reflexão sobre poder, desejo e a persistente luta feminina contra a objetificação, mostrando que, apesar das mudanças históricas, certos desafios permanecem.