3min sem auto tune

Autenticidade e crítica social em “3min sem auto tune” de Froid

Em “3min sem auto tune”, Froid faz uma crítica direta ao uso excessivo do auto-tune no rap atual, destacando sua escolha por um som mais autêntico e fiel às raízes do gênero. O próprio título já provoca o cenário musical, mostrando que ele dispensa recursos tecnológicos para valorizar sua voz e mensagem. Ao optar por um boombap clássico produzido por Ecologyk, Froid reforça sua postura de respeito à tradição do rap e rejeita modismos. Isso aparece em versos como “Eu não sou ninguém que você conhece / Nem quem te conhece te quer bem, imagina eu, hein?”, onde ele ironiza a busca por fama fácil e a superficialidade das relações no meio artístico.

Froid também utiliza referências pessoais e culturais para afirmar sua identidade, mencionando o clima seco do Distrito Federal, seus dreadlocks e comparando-se a Eddie do Tekken. Essas citações mostram orgulho de suas origens e trajetória. Ao falar de Bebeto embalando o bebê, ele faz referência à dedicação à família, enquanto as menções a Haaland e Barcelona trazem à tona temas de sucesso e reconhecimento, mas sempre com um tom descontraído. O rapper critica quem tenta pular etapas no rap, buscando fama sem passar pelo “under”, e ironiza artistas que apostam em “superprodução” e “talento de apê, gourmet”.

A música também aborda questões de vaidade, consumo e o impacto das marcas, como em “Eu faço o que me pedir / Já que eu vivo pra conseguir / Consumir o que as marcas vendem pra mim”, mostrando consciência das contradições de quem vive do rap, mas não se deixa enganar pelo sistema. No final, Froid valoriza a prática e a dedicação, deixando claro que, quando a moda passa, só permanece quem tem conteúdo e verdade.