Fanfic

Identidade e realidade reinventada em “Fanfic” de Froid

Em “Fanfic”, Froid explora como sua imagem pública é constantemente distorcida por fãs, haters e pela mídia, comparando essas versões inventadas de si mesmo às fanfics criadas por admiradores. O título já indica essa ironia: ele sugere que muito do que se fala sobre ele não passa de ficção. Isso aparece logo no verso “Um fã fake me chama de Fred / Eu disse: Froid. Não é um médico é um monstro”, onde o rapper brinca com a confusão em torno de seu nome e identidade, mostrando como é alvo de interpretações equivocadas e superficiais.

A letra mistura críticas sociais, reflexões sobre fama e identidade, e momentos de vulnerabilidade. Froid ironiza a busca por status e reconhecimento ao dizer “Aproveita que seus fãs e sutiãs tornaram a coisa real”, enquanto revela o peso das expectativas e da solidão em “Eu sinto que o amor me confunde / Eu preciso ir, a minha mina tá sozinha. Eu tô longe”. Ele também se coloca como mentor, afirmando “Eu treino os muleque / Eu explico as coisas cada pilar do sistema”, mostrando que vai além do papel de artista comercial. O verso “Eu sou uma bolsa de valores e não o valor da bolsa” reforça sua crítica ao consumismo e à superficialidade, e a menção ao “Santo Graal” indica que ele preserva o que realmente importa, longe do olhar público.

No final, a música ganha um tom mais melancólico, com imagens urbanas e sentimentos de deslocamento, como em “No frio das madrugas do centro” e “Querer se mandar embora desse mundo”. Froid costura essas cenas para mostrar que, por trás das narrativas inventadas sobre ele, existe uma busca sincera por sentido, conexão e autenticidade, reforçando o conceito de “fanfic” como uma reinvenção da realidade.