No Mundo da Lua/ Abraços

Resistência e esperança em "No Mundo da Lua/ Abraços" de Froid

Em "No Mundo da Lua/ Abraços", Froid ressignifica a expressão "no mundo da lua", tradicionalmente ligada à distração, transformando-a em símbolo de resistência diante das dificuldades da vida urbana. A música mostra como a evasão mental pode ser uma forma de proteção e busca por paz interior, especialmente para quem enfrenta a dureza das ruas. Isso fica claro em versos como “o dia interinho na rua, se é da rua, então cê come rua”, que retratam a realidade das periferias e o peso do cotidiano. O conflito entre o desejo de leveza e a necessidade de enfrentar a realidade aparece na dualidade “metade de mim quer voar, e a outra metade tá lá no mundo da Lua”, mostrando a luta interna entre escapar e resistir.

A canção também aborda temas como preconceito, violência e desconfiança, presentes em versos como “camisa de força não cala minha boca na terra da crocodilagem” e “ofensa do próprio parente, juro é complicado”. Apesar desse cenário difícil, Froid valoriza a fraternidade e a fé como formas de resistência, destacando que “aqui somos todos irmãos, tem que ter fé no coração”. A participação de Cynthia Luz, com sua voz suave, traz equilíbrio e reforça a mensagem de esperança e união. O trecho “a música é ponte pro outro lado” resume a ideia de que a arte pode ser um caminho de superação e conexão. Assim, a música constrói uma narrativa de luta, autoconhecimento e busca por sentido, sem perder de vista a importância do afeto e da coletividade.