Sem Teto

Deslocamento e resistência social em "Sem Teto" de Froid

A música "Sem Teto" de Froid aborda de forma direta a sensação de não pertencimento e a luta diária diante das desigualdades sociais. O título carrega um duplo sentido: além de se referir à população em situação de rua, "sem-teto" simboliza a falta de segurança e pertencimento que atravessa a vida de muitos. Quando Froid afirma: "Sempre olho pro céu que nem um sem teto", ele associa a vulnerabilidade social à busca por esperança, mostrando que, mesmo sem garantias, é preciso seguir em frente. O contexto brasileiro, marcado por movimentos de luta por moradia, reforça a crítica à exclusão e à necessidade de solidariedade entre os marginalizados. Isso fica claro na referência ao "rudeboy que reúne underground, não 'the voice'", onde Froid valoriza a união dos que estão à margem, em contraste com os caminhos tradicionais e midiáticos.

A letra mistura vivências pessoais e críticas sociais, usando imagens urbanas para falar de autenticidade e sobrevivência. Trechos como "Tudo que não é verdadeiro não convence" e "Tu só mente até sua mente te comer vivo" destacam a importância de ser real em um mundo de aparências. Froid também aborda questões de saúde pública e consumo, como em "Deve ser o agrotóxico nesse alface / Nesse frango um hormônio, essa água, esse sonho", sugerindo que até o cotidiano está contaminado por problemas estruturais. Ao citar figuras como "princesa Isabel" e "Jezebel", ele provoca reflexões sobre liberdade, privilégios e papéis sociais, questionando se quem tem poder realmente está disposto a libertar os outros. O tom direto e urbano da música, junto à narrativa de luta e renascimento constante, reforça a ideia de que sobreviver é um teste diário para quem vive à margem.