Retrato De Um Playboy (parte 2) (part. Emicida)

Crítica social e ironia em “Retrato De Um Playboy (parte 2) (part. Emicida)”

A música “Retrato De Um Playboy (parte 2) (part. Emicida)”, de Gabriel O Pensador, faz uma crítica direta e irônica ao comportamento violento e alienado de jovens privilegiados. Gabriel utiliza frases repetidas como “eu imito o que ele faz”, referindo-se ao pitbull chamado Bush Hussein, para mostrar que a agressividade do personagem é resultado de influência social e familiar, não apenas de instinto. O nome do cachorro, “Bush Hussein”, faz alusão a líderes políticos ligados a guerras, ampliando a crítica para além do universo do playboy e sugerindo que a violência é um valor admirado em diferentes camadas da sociedade.

A letra constrói o personagem do playboy como alguém que resolve tudo “na porrada”, incapaz de lidar com frustrações de forma madura. Ele se orgulha de ser “filhinho de papai”, protegido pelo dinheiro e influência da família, como fica claro no verso “Papai já tá chegando pra deixar tudo acertado” após ser preso. A ironia aumenta ao mostrar que, mesmo após agredir pessoas e ser detido, o personagem encara a situação como uma chance de aparecer na mídia, evidenciando sua superficialidade e busca por status. O trecho final, “Esse é o retrato da nossa gente fina / Seja lá no açaí ou ali na cocaína”, amplia a crítica para toda uma elite que, apesar dos privilégios, perpetua comportamentos destrutivos e irresponsáveis.

A participação de Emicida reforça o tom contemporâneo da crítica, mostrando que o problema atravessa gerações. Gabriel, inclusive em entrevistas, afirma que seu objetivo é provocar reflexão sobre a alienação e a falta de personalidade desses jovens, usando humor ácido e caricatura para expor a hipocrisia e a violência normalizada entre os privilegiados. O resultado é uma música que, mesmo com tom debochado, denuncia de forma clara a cultura do privilégio, da impunidade e da masculinidade tóxica.