Dentro de Mim

Memória e legado em “Dentro de Mim”, de Gabriel Won

Em “Dentro de Mim”, Gabriel Won transforma a despedida em compromisso de continuidade: a ausência vira combustível para a própria arte. Quando afirma “tornei-me um grande artista foi graças a ti” e “sei que onde estás, tu te orgulhas de mim”, o eu lírico mostra que a pessoa homenageada o formou e segue orientando seus passos, mesmo após a morte. Ele se dirige diretamente a quem partiu, pedindo “vai em paz” e “toma seu lugar no céu”, enquanto garante que sua presença permanece “dentro de mim”. As “fotos” e a memória guardam o “vitorioso do jeito que sempre quis”, e o refrão repetido “Então vai em paz” funciona como bênção diante do “mundo cruel”, reforçando consolo e fé.

As imagens são diretas e afetivas. O céu surge como descanso, a saudade é reconhecida como peso — “só me resta carregar fardo de saudade” —, e “tu mora em mim” resume a permanência afetiva. Ao dizer “eu vou vencer por ti”, o narrador liga luto, legado e orgulho: transformar dor em motivação, honrando quem partiu com suas conquistas. Predomina uma tristeza mansa, sustentada por esperança de continuidade. Mesmo na ausência física, a influência do homenageado — preservada nas “fotos” e em cada lembrança — segue viva e orienta o caminho do artista.