Mulher Ingrata e Fingida

Dor e solidão no abandono em "Mulher Ingrata e Fingida"

A música "Mulher Ingrata e Fingida", de Galego Aboiador, aborda de forma direta o impacto da traição e da falsidade em um relacionamento. O protagonista recorre à bebida não por vaidade, mas como tentativa de aliviar a dor causada pela decepção amorosa, como mostra o verso: "não bebo por vaidade, bebo pra espairecer uma mágoa a esquecer de quem me fez falsidade". Essa relação entre sofrimento amoroso e alcoolismo é comum na música nordestina, especialmente nas canções que retratam a vida do homem do campo, contexto presente na obra de Galego Aboiador.

A letra também evidencia como a dor do personagem afeta toda a família, expressa em "minha mãe chora e lamenta, papai vive insatisfeito". O sofrimento individual se transforma em sofrimento coletivo, mostrando o alcance da decepção. A sensação de solidão aparece na metáfora "passarinho na gaiola da saudade", que representa o aprisionamento emocional e a nostalgia. O personagem, antes parte da "alta sociedade", agora se vê isolado e alvo de comentários, como em "e o povo atrás gritando -eita homi apaixonado-", reforçando o tom popular e sincero da canção.

O pedido ao vento para trazer notícias da amada, "vento me faça um favor você que vem do além traga notícia também de quem já foi meu amor", revela uma esperança resignada, típica de quem já não espera mais nada além de notícias do passado. A música sintetiza o drama do homem simples diante da ingratidão, usando uma linguagem acessível e direta, fiel à tradição do forró e à cultura nordestina, onde o sofrimento amoroso é exposto sem pudor.