Samba-Enredo 2026 - Vozes Ancestrais Para Um Novo Amanhã

Tradição e resistência em “Samba-Enredo 2026 - Vozes Ancestrais Para Um Novo Amanhã”

O samba-enredo “Samba-Enredo 2026 - Vozes Ancestrais Para Um Novo Amanhã”, do G.R.E.S. Gaviões Da Fiel (SP), destaca a valorização das culturas indígenas brasileiras desde os primeiros versos. Termos como “Yakoana” e “Xapiri” remetem diretamente à espiritualidade Yanomami, onde Yakoana é uma substância sagrada e Xapiri são espíritos ancestrais. A menção a “Omama”, divindade criadora Yanomami, reforça o compromisso da escola em dar visibilidade às tradições originárias, propondo uma reconexão com a sabedoria ancestral e a defesa da floresta como fonte de vida e identidade.

A letra evidencia a diversidade dos povos indígenas ao citar Tapajó, Cariri, Caeté, Potiguar, Tupi e Canindé, mostrando que a resistência é coletiva. O verso “Xawara devora o sonho e a mata padece” faz referência às doenças e à destruição causadas pelo contato com o homem branco. Já “Anhangá é luz pra vencer cicatrizes” ressignifica uma entidade tradicionalmente vista como negativa, transformando-a em símbolo de superação. O samba assume um tom político ao pedir que a “mãe hostil” escute os filhos deste solo, denunciando a exclusão e violência histórica. Ao afirmar “É hora, de reflorestar o pensamento”, a música propõe uma mudança de mentalidade, sugerindo que o futuro do Brasil (“Pindorama”) depende do respeito à ancestralidade e à natureza. O refrão “Eu sou de paz, mas tô pronto pra guerra” sintetiza o espírito de resistência e orgulho da Gaviões da Fiel, alinhando a luta indígena à identidade combativa da escola.