FIESTA (feat. Morad)

Contrastes de realidade e fuga em "FIESTA (feat. Morad)"

Em "FIESTA (feat. Morad)", Gazo e Morad exploram o contraste entre o desejo de celebrar e a dura realidade das ruas. A repetição do desejo de "fazer a fiesta" destaca uma busca intensa por momentos de leveza em meio ao perigo constante. O verso “Y a trop de choses que j'te dis pas, mi madre, te quiero” (Tem muitas coisas que não te conto, minha mãe, eu te amo) revela que, apesar de uma rotina marcada por tráfico, armas e noites arriscadas, Gazo mantém um vínculo afetivo com a mãe, mostrando que esse laço é uma das poucas âncoras emocionais em sua vida instável.

Morad aprofunda esse contraste ao abordar traições e isolamento: “Éramos veinte amigos... ahora ya ni confío y si confío, solamente son dos” (Éramos vinte amigos... agora já nem confio e, se confio, são só dois). Isso reforça o sentimento de solidão e autopreservação, típico de quem cresceu em ambientes hostis, como o próprio Morad já relatou sobre sua infância marcada por pobreza e delinquência. As referências frequentes a festas e dinheiro, como em “Défoncé, j'sors ma kichta” (Chapado, tiro meu dinheiro), funcionam tanto como válvula de escape quanto como símbolo de status e sobrevivência. A mistura de francês e espanhol na colaboração evidencia que essa realidade é compartilhada por jovens de diferentes origens, tornando a "fiesta" um breve alívio diante das pressões e perigos diários.