Can-Utility And The Coastliners

Reflexão sobre poder e humildade em “Can-Utility And The Coastliners”

“Can-Utility And The Coastliners”, do Genesis, explora a vaidade do poder humano diante das forças incontroláveis da natureza, usando como base a lenda do rei Canuto II. O trecho “By our command, waters retreat / Show my power, halt at my feet” (Por nossa ordem, águas recuem / Mostrem meu poder, parem aos meus pés) faz referência direta ao episódio em que Canuto tenta ordenar que as marés recuem, ilustrando a futilidade de tentar controlar o inevitável. O título da música faz um trocadilho entre “Canute” e “utility”, reforçando a ironia sobre a utilidade — ou inutilidade — do poder diante da natureza. Essa abordagem se conecta à crítica de Steve Hackett sobre líderes que reconhecem suas limitações em contraste com aqueles que se deixam levar pela autoglorificação.

A letra cria uma atmosfera reflexiva e sombria, especialmente ao mostrar o fracasso do rei e a reação dos cortesãos: “The waves surround the sinking throne / Singing: Crown him, crown him” (As ondas cercam o trono afundando / Cantando: Coroem-no, coroem-no). A imagem do trono afundando simboliza a queda do poder diante das forças naturais, enquanto a aclamação irônica dos cortesãos destaca a hipocrisia da adulação. O verso final, “See a little man with his face turning red / Though his story's often told you can tell he's dead” (Veja um homenzinho com o rosto ficando vermelho / Embora sua história seja frequentemente contada, dá para ver que ele está morto), reforça que, apesar das tentativas de manter a dignidade, a arrogância é sempre punida e o orgulho humano é passageiro diante do tempo e da natureza. A música propõe uma reflexão sobre humildade, os limites do poder e a necessidade de reconhecer a própria vulnerabilidade.