Severina Xique-Xique

Duplo sentido e humor em "Severina Xique-Xique" de Genival Lacerda

"Severina Xique-Xique", de Genival Lacerda, se destaca pelo uso criativo do duplo sentido, especialmente no refrão: “Ele tá de olho é na boutique dela!”. Embora pareça que Pedro Caroço esteja interessado apenas no negócio de Severina, o contexto e declarações dos compositores deixam claro que “boutique” é uma metáfora para o corpo ou atributos femininos da personagem, sugerindo um interesse pessoal e não apenas comercial. Essa malícia leve e bem-humorada é uma marca do forró de Genival, que transforma situações do cotidiano em piadas populares sem perder a inocência.

A letra conta a história de Severina, que era “muito pobrezinha” e não chamava atenção, mas, ao abrir sua boutique, passa a ser cortejada por Pedro, que “passa o dia na esquina fazendo aceno pra ela”. O texto brinca com a ideia de que o interesse de Pedro é motivado pelo sucesso de Severina, mas o duplo sentido sugere outro motivo. O conselho final, “Severina, minha filha não vai na onda de Pedro”, reforça o tom de alerta bem-humorado, típico das conversas do interior, e ainda abre espaço para mais piadas, como a oferta de “um sócio” para a boutique.

A música foi inspirada em uma moça da cidade de Xique-Xique e chegou a ser recusada por outros artistas antes de estourar com Genival Lacerda. O sucesso mostra como o humor popular e o duplo sentido conquistaram o Brasil, tornando "Severina Xique-Xique" um símbolo do forró irreverente, misturando crítica social, picardia e celebração da esperteza nordestina.