Solidão de Dois
Geraldo Di Oliveira
Deixe meu corpo no flanco caído
Finja não ver o que de nós restou
Faz que não viu e sorria, eu duvido
Que não pergunte onde a gente falhou
Essa batalha por hora perdida
De desafios e lutas em vão
Por um momento ela foi nossa vida
Foi nosso sonho ou nossa ilusão
Caminhe agora, a estrada lhe espera
E ninguém sabe onde ela vai dar
Na paralela eu sigo e quem dera
Podermos juntos assim caminhar
Olhe pra trás, veja nossas pegadas
Já incrustadas no tempo e no pó
Que o vento cobre com a areia da estrada
E cada um segue triste e só
Grito a mim mesmo: Sai dessa loucura
Mas é a esmo, o que posso fazer
Veja a platéia não vaia ou censura
Boquiaberta sem nada a dizer
Finda-se o ato, o palco escurece
Do camarim ainda posso ouvir
Pedindo bis como se nos coubesse
Tão comovida a platéia aplaudir
Não saia ainda, fique mais um pouco
Embora muda: O silêncio me acalma
E não se importe se estou sóbrio ou louco
Que ainda resta a lucidez da alma
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