Desacordonar

Libertação e solidariedade em "Desacordonar" de Geraldo Vandré

O título e refrão "Desacordonar" expressam um chamado direto à libertação coletiva, indo além do protesto tradicional para sugerir a necessidade de romper amarras sociais e políticas. Composta por Geraldo Vandré durante seu exílio no Chile, a música reflete o contexto de repressão vivido pelo artista após o AI-5 no Brasil. A escolha do espanhol na letra amplia o alcance da mensagem, reforçando a solidariedade entre os povos latino-americanos diante da opressão.

A letra destaca a união de diferentes grupos sociais, como em “Estudiantes, operarios, soldados e obreros son / Desde cuando comprenderen / Que vida es transformacion” (“Estudantes, operários, soldados e trabalhadores são / Desde quando compreendem / Que a vida é transformação”). Aqui, Vandré enfatiza que a transformação social só acontece quando todos reconhecem seu papel na mudança. Metáforas como “los hornos que hacien pan / Son manos de... son” (“os fornos que faziam pão / São mãos de... são”) e “las gruas en construcion / Son años de... son” (“os guindastes em construção / São anos de... são”) associam o trabalho cotidiano à construção de um futuro melhor. Já versos como “Es como dividir la tierra / E non comparti-la em paz” (“É como dividir a terra / E não compartilhá-la em paz”) denunciam a injustiça da desigualdade. O refrão “Desacordonar companeros” (“Desacordonar companheiros”) funciona como um mantra de resistência e esperança, reforçando o engajamento político e a busca por emancipação coletiva, temas centrais na obra de Vandré.