Patria Amada Idolatrada Salve Salve

Exílio e saudade em “Patria Amada Idolatrada Salve Salve”

O título “Patria Amada Idolatrada Salve Salve”, retirado do Hino Nacional, já indica a ironia e o lamento presentes na música de Geraldo Vandré. Ao usar essa referência, Vandré faz uma crítica ao patriotismo oficial, contrapondo-o à dor do exílio e à separação forçada do Brasil durante a ditadura militar. O contexto do exílio, confirmado pelo próprio artista, é reforçado pelo dueto entre vozes masculina e feminina, que transforma a pátria em uma figura quase humana, alguém de quem se despede com tristeza, mas também com respeito e promessa de fidelidade.

A letra traz versos como “Se é pra dizer adeus / Pra não te ver jamais”, que expressam a angústia de quem precisa partir, mas não consegue romper o laço afetivo com o país. Trechos como “No verso que hoje chora / Pra me fazer capaz / Da dor que me devora” evidenciam o tom melancólico e reflexivo, mostrando que a canção é tanto um lamento quanto uma declaração de amor resiliente. Quando Vandré canta “Levar comigo afora / O amor demais”, ele sugere que, mesmo longe, o sentimento pela pátria permanece forte e faz parte de sua identidade.

No refrão, a pátria é tratada como “amado meu”, alguém que “sempre será / Quem me guardou / No seu cantar”. Essa personificação reforça a ideia de que a memória e a identidade nacional continuam vivas no exilado. O verso “Que além de mim se dá / Não se perdeu / E nem se perderá” traz esperança: apesar do afastamento, o amor pelo Brasil resiste ao tempo e à distância, refletindo a saudade e a resistência diante da repressão política.