Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores

Resistência e esperança em "Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores"

"Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores", de Geraldo Vandré, se destaca por transformar uma mensagem de resistência política em um chamado coletivo à ação. Vandré utiliza imagens simples e diretas para mobilizar a sociedade contra a repressão, como no verso “Caminhando e cantando e seguindo a canção”, que mostra que a luta envolve união, persistência e esperança, mesmo sob opressão. O refrão “Vem vamos embora que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora não espera acontecer” reforça a urgência de agir, criticando a passividade e incentivando a participação ativa de todos na busca por mudanças.

O contexto da ditadura militar brasileira é essencial para entender o impacto dos versos que citam “soldados armados” e a “antiga lição de morrer pela pátria e viver sem razão”. Nesses trechos, Vandré denuncia tanto o uso da força quanto a manipulação ideológica dos militares, contrapondo a violência do regime à esperança representada pelas flores, símbolo de paz e resistência. A frase “ainda fazem da flor seu mais forte refrão / E acreditam nas flores vencendo o canhão” traz um duplo sentido: sugere a aparente ingenuidade de acreditar na vitória da paz sobre a violência, mas também afirma a força simbólica da resistência pacífica. Censurada e proibida durante anos, a canção se tornou um hino de coragem e solidariedade, mostrando que a verdadeira força está na união e na ação coletiva.