Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores

Resistência e esperança em "Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores"

"Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores", de Geraldo Vandré, tornou-se um dos maiores símbolos de resistência durante a ditadura militar no Brasil. O verso repetido “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer” é um chamado claro à ação coletiva, incentivando as pessoas a não aceitarem a passividade imposta pelo regime e a tomarem as rédeas do próprio destino. A metáfora das flores, especialmente em “ainda fazem da flor seu mais forte refrão / e acreditam nas flores vencendo o canhão”, contrapõe a delicadeza e a esperança das flores à violência e repressão representadas pelo canhão, sugerindo que a resistência pacífica pode ser mais poderosa do que a força bruta.

Lançada em 1968, em pleno auge da repressão, a música critica abertamente o discurso militarista, como fica evidente em “soldados armados” e na “antiga lição de morrer pela pátria e viver sem razão”. Essas passagens denunciam a alienação dos jovens soldados e o sacrifício imposto pelo regime, o que levou à censura da canção. A estrutura simples e repetitiva da melodia, semelhante a um hino, facilitou sua adoção em manifestações, transformando a música em um símbolo de união e esperança. Além disso, versos como “somos todos iguais, braços dados ou não” reforçam a ideia de coletividade e igualdade, mostrando que a luta pela liberdade pertence a todos, independentemente de classe social ou posição política.