Aroeira

Justiça e resistência popular em "Aroeira" de Geraldo Vandré

Em "Aroeira", Geraldo Vandré utiliza a repetição do verso “É a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar” para simbolizar a inversão do poder. O cipó de aroeira, tradicionalmente usado como instrumento de castigo, retorna contra os próprios opressores, representando a ideia de justiça retributiva. Essa imagem, baseada em um ditado popular, reforça a esperança de que a violência e a exploração sofridas pelos trabalhadores um dia serão cobradas de quem as perpetrou.

A letra constrói um retrato coletivo da luta dos trabalhadores, mostrando a exploração de “branco e preto a trabalhar” enquanto “o dono senhor de tudo, sentado, mandando dar” permanece distante do esforço. O trecho “escrevendo numa conta pra junto a gente cobrar” sugere que cada injustiça está sendo registrada, alimentando a expectativa de um acerto de contas futuro, quando “esse mundo vai virar”. A figura do “marinheiro” simboliza a capacidade do povo de assumir o próprio destino: “Eu também sou marinheiro, eu também sei governar”. Lançada durante a repressão da ditadura militar, a canção se tornou um hino de resistência, transmitindo esperança e confiança na transformação social, mesmo diante da censura e da violência institucionalizada.