Keep Myself Alive

“Keep Myself Alive”: dor, gatilhos e reconquista de si

Em “Keep Myself Alive”, do Get Scared, a lembrança do ex vira invasão de identidade. “Every time I see your face in mine” (Toda vez que vejo seu rosto no meu) não soa romântico: é como se a imagem do outro tomasse o espelho. Para não afundar, ele se agarra à própria música: “I keep singing… just to keep myself alive” (Eu continuo cantando… só para me manter vivo). A faixa retrata a tentativa de escapar de um relacionamento tóxico que deixou cacos e gatilhos por toda parte.

A urgência e a frustração aparecem em “When will this change?/I don't wanna wait” (Quando isso vai mudar?/Eu não quero esperar). O refrão aponta o caminho: “I just wanna leave this place behind” (Eu só quero deixar este lugar para trás). Esse “place” pode ser o ambiente da relação ou um estado emocional viciado; de todo modo, ele tenta romper o loop em que “every time I see your face in mine” (toda vez que vejo seu rosto no meu) dispara memórias e confunde fronteiras do eu. Há duplo sentido: ver o rosto do ex refletido no próprio ou ser assombrado por flashes em cada espelho e foto.

No meio do colapso, ele admite o anestésico: “I sink and drink myself to sleep” (Eu afundo e bebo até dormir), e confessa a autonegação em “I broke apart to play the game” (Eu me quebrei para jogar o jogo). A ponte endurece os limites: “You left me high, you left me dry” (Você me deixou na mão, me deixou desamparado); “Just don't fix mine” (Só não tente consertar o meu) e “You're all you got!” (Você é tudo o que tem!) devolvem a responsabilidade. Por fim, a tábua de salvação volta: “I keep singing la la la… just to keep myself alive” (Eu continuo cantando lá lá lá… só para me manter vivo). O “la la la” funciona como âncora simples para conter o turbilhão e, repetido, abre uma saída mínima e persistente rumo à cura.