Freak

Pluralidade e autoaceitação em “Freak” de Getúlio Abelha

Em “Freak”, Getúlio Abelha explora a busca por uma identidade plural ao alternar entre inglês, português e espanhol, o que reforça a sensação de deslocamento e a multiplicidade de referências presentes na faixa. O refrão em inglês, “I just wanna go on a spree / In my mind I'm not a freak” (“Eu só quero sair por aí / Na minha mente, não sou um estranho”), expressa o desejo de liberdade e a recusa em aceitar o rótulo de “freak”, mesmo diante do julgamento dos outros. Esse posicionamento ganha ainda mais força dentro do contexto do EP “Autópsia”, marcado por experimentação e autoanálise, como o próprio artista afirmou ao dizer que a música reflete seu estado mental atual, sem um tema fixo, mas como um retrato de sua identidade.

A letra mistura confissão e provocação, como em “Preciso esvaziar / Minha cabeça tá entupida e eu não quero pensar” e “O mundo é uma produção / O meu cenário tá errado pra essa exposição”, criticando a superficialidade e a pressão social por conformidade. O verso “E há quem saiba lidar / Com minha forma deformada de me manifestar” evidencia o sentimento de incompreensão, enquanto a repetição de “A mover el esqueleto” convida à dança, criando um contraste entre introspecção e celebração do corpo. O trecho “Eu sou uma maldita e eu vou matar” traz irreverência e ousadia, podendo ser interpretado como uma metáfora para romper padrões ou como uma provocação performática, característica de Getúlio. A menção a “Prululúcia”, termo inventado, reforça a atmosfera de fantasia e distorção, alinhando-se à proposta de explorar novas possibilidades artísticas e identitárias. “Freak” se destaca como um manifesto de autoaceitação e liberdade, embalado por uma sonoridade dançante que convida tanto à reflexão quanto ao movimento.