DONKEY-BOY

Limites e busca por sentido em "DONKEY-BOY" de Ghost Mountain

"DONKEY-BOY", de Ghost Mountain, aborda a exaustão existencial e a busca por transcendência, usando imagens de travessia e espera para expressar a dificuldade de superar limites pessoais. No trecho “By the flow of a river I can't cross / Out of road but know that I can't stop” (À beira de um rio que não consigo atravessar / Sem caminho, mas sei que não posso parar), o artista revela um impasse: o desejo de seguir adiante esbarra em barreiras intransponíveis, refletindo a atmosfera sombria e introspectiva que marca sua carreira, especialmente após o retorno do hiato e a fase de experimentação com witch house e emo rap.

A metáfora do trem e da espera nos trilhos, em “You're the train and I'm the one that's waiting / On the ties headlights I'm facing” (Você é o trem e eu sou quem está esperando / Nos trilhos, de frente para os faróis), reforça a sensação de vulnerabilidade diante de forças maiores, um tema recorrente no horrorcore e folk experimental do artista. Imagens de perda e desapego, como “And everything that I've got / I'd let it go / And there is nothing I want / That I don't have now” (E tudo o que eu tenho / Eu deixaria ir / E não há nada que eu queira / Que eu já não tenha), sugerem uma aceitação resignada do vazio, mas também uma possível libertação das expectativas. O título "DONKEY-BOY" remete à ideia de carregar fardos, indicando que o narrador se vê como alguém que suporta pesos emocionais, mas que, ao final, sente-se esvaziado: “Gave it up and now I'm dead in the ditch” (Abandonei tudo e agora estou morto na vala). A colaboração com Olan Monk intensifica o clima experimental, especialmente nos versos finais, que questionam pertencimento e transcendência: “Will there be space for us all / Somewhere up in the clouds” (Haverá espaço para todos nós / Em algum lugar nas nuvens). Assim, a música se constrói como um lamento sobre limites, perda e a busca por sentido em meio à sensação de estar à deriva.