Satanized

O amor como possessão em "Satanized" do Ghost

Em "Satanized", o Ghost utiliza o termo do título para retratar o amor como uma força avassaladora, comparável a uma possessão demoníaca. Tobias Forge, líder da banda, já explicou que a música não fala de possessão literal, mas sim da confusão entre paixão intensa e perda de controle. O "monstro" que consome o narrador é, na verdade, o próprio sentimento amoroso, vivido de forma quase obsessiva e dolorosa. Isso fica claro em versos como “It’s a sickening heartache / And it’s slowly tormenting my soul” (É uma dor de coração doentia / E está lentamente atormentando minha alma), onde o sofrimento causado pelo amor é comparado a uma tortura espiritual.

A letra faz uso de referências religiosas, como "blasphemy" (blasfêmia) e "heresy" (heresia), para intensificar o conflito interno do personagem, dividido entre devoção e desejo. O trecho em latim – “An nescitis quoniam membra vestra Templum est Spiritus Sancti...” (Acaso não sabeis que vossos corpos são templo do Espírito Santo...) – reforça a ideia de que o corpo deveria ser sagrado, mas está sendo corrompido pela paixão. O refrão, ao repetir “I’m satanized” (Estou satanizado), mostra que o narrador sente ter perdido sua identidade anterior para esse sentimento. Termos como “paralyzed” (paralisado) e “laicized” (laicizado) ampliam a sensação de impotência e afastamento dos valores espirituais. O tom sombrio e introspectivo da música, junto à estética teatral do Ghost e à introdução do Papa V Perpetua, marca uma nova fase da banda, onde o drama emocional é tratado como um ritual de possessão.