Nothing Rhymed

Reflexão sobre desigualdade e culpa em “Nothing Rhymed”

“Nothing Rhymed”, de Gilbert O'Sullivan, aborda o contraste entre a vida cotidiana confortável e a dura realidade do sofrimento humano. Inspirado por imagens de crianças famintas durante a Guerra Civil da Nigéria, O'Sullivan traz esse choque para a letra ao mostrar o narrador refletindo sobre gestos simples de bondade, como ceder o assento a um idoso. Logo depois, ele se depara com sua própria consciência ao perceber que, enquanto desfruta de prazeres como “drinking my Bonaparte Shandy / Eating more than enough apple pies” (bebendo meu Bonaparte Shandy / Comendo mais tortas de maçã do que preciso), há pessoas que “strive to death / Right in front of my eyes” (lutam até a morte / Bem diante dos meus olhos). Essa justaposição revela uma culpa silenciosa e a sensação de impotência diante das desigualdades do mundo.

O refrão, com versos como “Nothing old, nothing new, nothing ventured / Nothing gained... nothing rhymed” (Nada velho, nada novo, nada arriscado / Nada ganho... nada rimou), expressa um sentimento de vazio e desconexão, como se nada fizesse sentido diante da injustiça. O título reforça a ideia de que, apesar dos esforços para agir corretamente ou encontrar lógica na vida, tudo parece desordenado e sem harmonia. Assim, a música propõe uma reflexão melancólica sobre o valor das pequenas ações individuais diante de problemas globais e a dificuldade de encontrar sentido em um mundo onde, muitas vezes, nada parece rimar.