Convite de Baile

“Convite de Baile” e o amor que vira compromisso no campo

Em “Convite de Baile”, Gino e Geno transformam o baile de debutante — rito dos 15 anos — no momento em que um namoro se define como compromisso. O convite que chega tarde, “porque o carteiro atrasou”, cria urgência e acaso favorável. O narrador já a chama de “meu futuro amor” — sinal de que a festa inaugura uma nova etapa para os dois. A ação se passa no interior, na fazenda Mangabeira: terreiro enfeitado com “folha de bananeira”, “biscoito na peneira” e a “sanfona xonada no arrasta-pé e rancheira”. Esses elementos situam a história nas tradições rurais que a dupla reafirmava em 1982, no álbum 4 Tipos de Mulher.

As imagens reforçam ternura e pureza: ela “cheirando igual uma flor”; a sanfona “xonada” encarnando a paixão da noite. O tempo se alonga até o amanhecer, “só depois que o Sol saiu” — sinal de um amor que atravessa a madrugada e nasce com o dia. Da chegada apertada do convite ao primeiro “beijo” no salão, a narrativa avança para o pedido “pra falar com os seus pais e pedir a sua mão” e chega ao casamento marcado “para o fim do verão”. O arco é claro: da expectativa ao compromisso, com simplicidade, calor humano e o retrato do campo que define Gino e Geno.