Eu Bebo Cerveja (part. Máida e Marcelo)

“Eu Bebo Cerveja (part. Máida e Marcelo)” e a dor no bar

Apesar do clima festivo e do refrão pegajoso, a faixa de Gino e Geno expõe um sofrimento exibido em público: o bar vira palco de um coração “maltratado”. “A minha cama é a mesa de um bar” não soa bravata; é a troca da intimidade pelo ruído da multidão, marca da mistura de humor e dor que a dupla cultiva. Em “Eu Bebo Cerveja (part. Máida e Marcelo)”, o enredo é de amor não correspondido: o narrador quer “pôr uma pedra em cima desse amor”, mas confessa “meu coração te quer do meu lado”, incapaz de encerrar o ciclo.

A bebida surge como bengala e metáfora, algo recorrente no repertório deles. No refrão, “eu bebo cerveja / eu fico de fogo” sinaliza a tentativa de anestesiar a dor. “Fico de fogo” traz duplo sentido: embriaguez e desejo ainda aceso. O gesto “bato na mesa” soa literal e performático, típico do desespero que pede atenção no bar. Em seguida, “Grito seu nome” e “vejo o seu rosto por todo lugar” retratam a ressaca emocional que volta nos fins de semana, quando o vazio aperta. Com Máida e Marcelo, o desabafo ganha tom de conversa de mesa: as vozes somadas formam um coro de boteco, reforçando a ideia de que essa sofrência é compartilhada.