Horizontes (part. Lucas Silveira)

“Horizontes (part. Lucas Silveira)”: culpa, fuga e redenção

Em “Horizontes (part. Lucas Silveira)”, a fuga vira tentativa de reencontro. A “voz” que guia e assombra pode ser consciência ou um outro real — sugerido pela entrada de Lucas Silveira, cuja participação e coautoria, destacadas também no clipe, encenam esse “você” que chama de volta. No álbum [Re]nascido, a banda mergulha em redenção: “Todos os erros que eu cometi / Agora é hora de mudar”, mas a mudança nasce da dúvida: “Mas eu não sei se essa voz é você aqui / Mas eu não sei pra onde ela vai levar”. O narrador quer recomeçar e ser resgatado, enquanto tenta fugir do peso da culpa e das lembranças. Esse “você” funciona como âncora e farol — pessoa amada, amigo ou a própria consciência —, capaz de transformar a corrida para longe em caminho de volta.

As imagens amarram os temas com tensão concreta. A culpa vira matéria do ar e do céu: “estão no ar todos os erros” e “As vezes sinto o céu cair / Pesando sobre mim”, lembrando o impulso de negar o que dói: “Meus olhos eu não abro mais”. A fuga aparece em “voar pra bem longe”, mas já convoca o encontro: “só pra você vir me encontrar”. A ausência de direção surge em “Não tenho horizontes, eu navego nesse mar”, contrabalançada pelo fio de esperança racional e teimoso: “Não existe procura / sem algo pra encontrar”. O conflito se resolve em decisão — “Não vai ser como antes / eu me nego a fracassar” — mesmo com autojulgamento duro: “Sou doente, sem cura, sem casa pra voltar”. As duas vozes, internas e externas, sustentam o movimento da mudança.