
Brasil com P
Gog
“Brasil com P”: linguagem em P que expõe mapa do poder
A aliteração no “P” em “Brasil com P” não é só efeito sonoro: organiza um retrato do poder no país, conectando periferia, polícia, palanque e propina como partes do mesmo mecanismo. Em sintonia com o tom investigativo de “CPI da Favela” (2000), Gog abre com “Pesquisa publicada prova” e segue com enumerações que indicam quem o Estado escolhe como alvo: “preferencialmente preto, pobre, prostituta”. A divisão de privilégios fica nítida nas imagens: “praias, programas, piscinas, palmas” para alguns; “pra periferia? pânico, pólvora, pápápá” para outros. O “pápápá” imita disparos e, somado ao martelar das palavras em P, produz tensão e urgência; cenas como “pescoço, peito, pulmões perfurados” escancaram a violência que vira notícia de primeiras páginas.
O enredo se ancora em “Pedro Paulo”, pedreiro que toca pandeiro e termina “preso portanto pó”, síntese da trajetória de tantos periféricos atravessados por presídios, traumas e perdas. Em contraste, aparece o “PC: Político privilegiado”, que “pagou propina... passou pela porta principal” — crítica direta à corrupção e à blindagem do topo, enquanto a base sofre o peso do aparato punitivo. Ao rebatizar a sigla e empilhar termos jurídicos — “promotores públicos pedindo prisões”, “prisão perpétua” —, Gog expõe a seletividade penal. O fecho “Palavras pronunciadas pelo poeta periferia” assume a voz da denúncia. Em 2007, a versão ao vivo com Maria Rita levou esse pulso percussivo da linguagem ao palco, ampliando o alcance e a força das imagens.
O significado desta letra foi gerado automaticamente.



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