Underground

A Realidade Urbana e a Sobrevivência no Underground

A música "Underground" da banda Golpe de Estado é uma crônica da vida urbana e da subcultura que emerge nas grandes cidades. A letra começa descrevendo a vida de um músico que vive em uma pequena kitnet na Avenida São João, um local icônico de São Paulo. Com um amplificador e uma guitarra, ele encontra na música uma forma de expressão e resistência. A poluição e a poeira que cobrem a cidade são metáforas para a opressão e a degradação urbana, mas também para a resiliência daqueles que vivem nesse ambiente.

A noite é um momento de libertação, onde o protagonista se entrega ao underground, um submundo que, paradoxalmente, é mais limpo e autêntico do que a sociedade convencional. Esse contraste entre o submundo e a sociedade normal sugere uma crítica à superficialidade e à hipocrisia das normas sociais. No underground, ele encontra um espaço de autenticidade e liberdade, onde a música é financiada por figuras marginais como mundanas e cafetões, mas que, de certa forma, são mais verdadeiras do que a sociedade que os marginaliza.

A letra também aborda a questão da sobrevivência. O protagonista é descrito como um tipo selvagem, estranho e maldito, que anda pelas ruas com um passo aflito. A arma na cinta não é um símbolo de violência gratuita, mas uma necessidade de sobrevivência nesse ambiente hostil. No underground, a luta pela sobrevivência é uma constante, e a música rock'n'roll se torna uma forma de resistência e expressão de identidade. A música, portanto, é uma celebração da resiliência e da autenticidade daqueles que vivem à margem da sociedade, mas que encontram no underground um espaço de liberdade e expressão.