É Preciso

Resistência e esperança cotidiana em “É Preciso” de Gonzaguinha

Em “É Preciso”, Gonzaguinha retrata o cotidiano da classe trabalhadora, destacando a rotina exaustiva das mulheres por meio da repetição de tarefas como “lavando louça, lavando roupa”. Essa escolha evidencia não só o peso do trabalho doméstico, mas também a dignidade e a força silenciosa dessas mulheres, que conseguem encontrar alegria mesmo nas tarefas mais simples, como mostra o verso “cantando um fado”. O artista valoriza a resiliência e a beleza que surgem mesmo em meio às dificuldades, um tema recorrente em sua obra.

A música amplia o olhar para o bairro, mostrando crianças brincando na rua São Carlos e mencionando a “lama na festa do mangue”, elementos que compõem um retrato realista das alegrias e desafios de quem vive à margem. A personagem Dina aparece como uma figura de sabedoria, incentivando a enxergar além das aparências e a compreender as lutas diárias. O refrão “labutar é preciso, lutar é preciso” funciona como um lema coletivo, reforçando a ideia de que a vida exige esforço constante e coragem. Mesmo diante da desilusão ao buscar “alegria e felicidade” que parecem inalcançáveis, a canção termina reafirmando a importância de persistir, transmitindo esperança e determinação, marcas da trajetória da classe popular brasileira.