
Qui Nem Jiló
Gonzaguinha
Em “Qui Nem Jiló”, saudade amarga e cura no baião
“Qui Nem Jiló”, composta por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira em 1950, contrapõe duas faces da saudade: a lembrança que conforta e o desejo que consome. O caminho não é voltar ao passado, é cantar. A letra organiza essa lógica ao opor memórias brandas e sonhos que viram tormento: “Se a gente lembra só por lembrar... saudade inté que assim é bom/Se a gente vive a sonhar... saudade intonce aí é ruim”. As marcas “inté” e “intonce” aproximam a fala do sertão, dão coloquialidade e intimidade. Tornado clássico do baião por Gonzaga, o tema ganhou nova dimensão na voz de Gonzaguinha, que reforça o elo afetivo e musical com o pai ao reatualizar esse repertório.
A imagem-chave é o jiló, fruta amarga que mede a dor: “Saudade assim faz roer, amarga que nem jiló”. O amargor é literal e simbólico — sabor conhecido no Nordeste e sensação física da falta que rói por dentro. A narrativa é direta: quem perdeu o “xodó” quer voltar “pros braços” dele, mas engole o choro em público — “Mas ninguém pode dizer que vivo triste a chorar”. Daí a virada: transformar perda em ritmo. Em “Saudade, meu remédio é cantar”, o canto vira estratégia de cura e resistência, capaz de sustentar o cotidiano no compasso do baião enquanto o reencontro não acontece.
O significado desta letra foi gerado automaticamente.



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