Festa

Esperança e renovação no sertão em “Festa” de Gonzaguinha

Em “Festa”, Gonzaguinha destaca a importância do céu cinzento, símbolo da chegada das chuvas no sertão nordestino. Ao contrário do que se espera, ele não exalta o sol ou a lua, mas valoriza o momento em que o céu anuncia a chuva, fundamental para a sobrevivência e alegria do povo sertanejo. Esse olhar sensível reflete a vivência do artista, que compôs a música aos 14 anos, inspirado pela realidade do sertão e pela influência musical de seu pai, Luiz Gonzaga. Esse contexto reforça o compromisso de Gonzaguinha com temas sociais e culturais desde cedo.

A letra mostra a transformação da terra com a chuva: “Ver a terra rachada amolecendo / A terra, antes pobre, enriquecendo”. O ciclo de seca e chuva é central para a vida no sertão, e a chegada da chuva é celebrada como uma verdadeira festa, trazendo esperança e renovação. O verso “A negrada caindo na folia / Esquecendo das mágoas sem lundu” evidencia como a música e a dança, especialmente o maracatu em Recife, são formas de extravasar a alegria e superar as dificuldades. Assim, “Festa” homenageia a resiliência e a capacidade de celebração do povo nordestino, mostrando como a adversidade pode se transformar em união e felicidade coletiva.