Samba-Enredo 2022 - Preto Velho Conta A Saga Do Café Num Canto De Fé

A Saga do Café e a Resistência Negra no Samba-Enredo da Acadêmicos do Tatuapé

O samba-enredo da G.R.E.S. Acadêmicos do Tatuapé para 2022, intitulado 'Preto Velho Conta A Saga Do Café Num Canto De Fé', é uma rica narrativa que entrelaça a história do café com a resistência e a espiritualidade afro-brasileira. A letra começa com uma saudação a Preto Velho, uma entidade espiritual de grande respeito nas religiões afro-brasileiras, que simboliza sabedoria e proteção. A saudação 'Saravá' e a menção ao terreiro estabelecem um ambiente de fé e reverência, onde a história será contada.

A narrativa segue com Preto Velho incorporando e acendendo velas no 'sagrado cazuá', um espaço de culto e devoção. A letra destaca a exaustão e a resiliência, simbolizadas pela abertura do 'jakutá', um objeto sagrado. A saga do café é então contada como uma jornada dolorosa, desde sua origem na África até sua exploração nas fazendas brasileiras. O café, descrito como 'meu irmão fruto da mãe África', é um símbolo da diáspora africana e do sofrimento dos escravizados, que trabalharam arduamente nos cafezais, contribuindo para o crescimento do Brasil.

A música também celebra a resistência e a cultura afro-brasileira, com referências a ervas sagradas como arruda e guiné, usadas para benzer e proteger. A letra menciona a 'mironga do amanhã', uma expressão que sugere esperança e transformação futura. A arte e a poesia inspiradas pelo café são vistas como formas de resistência e preservação cultural. No final, Preto Velho se despede, deixando paz e esperança, e se dirige aos braços de Iemanjá, a orixá das águas, simbolizando um retorno à ancestralidade e à espiritualidade. A despedida com a bênção de Oxalá reforça a conexão com a fé e a proteção divina.