Samba Enredo 2006 - Guelédés, O Retrato da Alma

A Alma do Samba: Uma Viagem pelos Rituais e Culturas

O samba-enredo 'Guelédés, O Retrato da Alma', interpretado pelo G.R.E.S. Arranco do Engenho de Dentro, é uma rica tapeçaria de referências culturais e espirituais. A letra começa com uma atmosfera de escuridão e mistério, evocando imagens de trevas, raios e bruxaria. Essa introdução sugere um mundo em desequilíbrio, onde a paz foi substituída por pesadelos e agonia. Nesse contexto, os Orixás, divindades do candomblé e da umbanda, aparecem como figuras centrais, ora como aliados, ora como rivais, formando correntes de paixão nos rituais. Essa dualidade entre o bem e o mal é uma constante na letra, refletindo a complexidade da natureza humana.

A música segue explorando a ideia de que a alma humana é multifacetada e universal. O narrador se coloca como uma entidade que personaliza o bem e o mal de cada ser, sem fazer escolhas, apenas ajudando a definir essas características. A liberdade é mascarada, e poder e fé são pintados, enquanto a desigualdade é semeada sob o olhar de Eleié, uma referência que pode ser interpretada de várias maneiras, mas que sugere uma divindade ou força superior observando tudo. Essa parte da letra destaca a influência das forças espirituais e culturais na formação da identidade humana.

O samba-enredo então nos leva a uma viagem histórica e cultural, mencionando a Grécia, Roma, Egito, Japão e até o Nordeste brasileiro com a figura de Lampião. Cada uma dessas referências simboliza diferentes aspectos da alma humana e suas manifestações ao longo do tempo e do espaço. No final, o narrador se revela como um poeta no Carnaval, uma celebração onde todas essas influências se encontram e se expressam de forma vibrante e colorida. A alma, portanto, é tanto a essência quanto a aparência, o retrato que revela o que somos de fato.