Samba-Enredo 1993 - A Dança da Lua

Mitologia indígena e folclore em “Samba-Enredo 1993 - A Dança da Lua”

“Samba-Enredo 1993 - A Dança da Lua”, do G.R.E.S. Estácio de Sá (RJ), destaca-se por valorizar as raízes indígenas brasileiras, trazendo Kananciuê, figura da mitologia dos índios Carajás, como criador do mundo. Essa escolha é significativa, pois o samba-enredo tradicionalmente explora outros temas, e aqui há um resgate da cultura indígena pouco representada no Carnaval. A Lua é apresentada como personagem central, associada à fertilidade, criação e mistério, elementos presentes tanto nas culturas indígenas quanto no imaginário popular brasileiro.

A letra conduz o público por um universo mítico, mostrando como as fases da Lua influenciam a vida e o equilíbrio do mundo: “Na frágil luz da Lua Nova / Fez a terra e a flora / A fauna, o rio e o mar”. O samba também valoriza o folclore nacional ao citar figuras como Saci, Caipora, Mãe-da-mata e as Amazonas (icamiabas), ressaltando a relação desses seres com a natureza. O verso “Dragão lunar me conceda o prazer de contemplar / Estas deusas que estão sob sua proteção” expressa respeito à força feminina e à mística lunar. Já a referência à Lua Minguante e à Lua Negra simboliza os ciclos de luz e sombra, fertilidade e escassez, refletindo a dualidade da vida. Mesmo ao abordar temas de transformação, a música mantém o clima festivo, celebrando a diversidade e a riqueza cultural interna, como em “O preto e branco é colorido / Tudo é mais lindo no nosso interior”. O samba se destaca por unir mitologia, folclore e simbolismo lunar em uma narrativa envolvente e alegre.